Louças de Barcelos
Artesão é sem dúvida uma das profissões mais antiga, tendo surgido durante a época medieval. Os artesãos eram pessoas especializadas no fabrico dos mais variados produtos, com o intuito de prestar algum tipo de serviço. Pelo que, existiam os artesãos que trabalhavam a título particular, no seu próprio negócio, e aqueles que eram contratados por alguém para desempenhar um dado serviço. Atualmente a profissão de artesão é atribuída a quem fabrica manualmente ou com auxílio de ferramentas, os mais variados produtos. A DESCLA foi à procura de quem ainda prevalece nesta profissão e entrevistou Paulo Pinto, natural de Braga, artesão das ditas louças de Barcelos.
A louça típica de Barcelos é algo que faz parte da identidade cultural do concelho e pertence ao quadro do Registo Nacional de Produções Certificadas. Para a produção da louça de Barcelos é utilizado barro vermelho filtrado, proveniente de zonas como Alvarães e Aveiro.
“Comecei em criança, com cinco anos já ajudava a minha mãe, já lá vão 50 anos. É um negócio que já vem de família. Antigamente o artesanato era uma coisa que tinha mais procura, vendia-se bem, hoje em dia o pessoal novo já não procura tanto isto, é algo que acredito que vai acabar por se perder com o tempo”, conta o artesão.
Paulo conta com 50 anos de negócio, no entanto a sua mãe contou com mais ainda, conciliando a criação de peças com as feiras onde vendem as louças. “Durante o ano dedicamo-nos às feiras, é onde o artesanato tem mais saída. Vamos a Viseu, Aveiro, Coimbra, Chaves, corremos o país”. Paulo confessa não se dedicar muito à olaria, arte que a irmã aperfeiçoa seguindo os passos da mãe. “Na altura, a minha mãe fazia peças à mão que depois eram vendidas nas feiras, agora somente a minha irmã é que vai fazendo, mas já não é em grande escala, vai dependendo da procura também.”
O Artesão confidencia que apesar do negócio correr bem, a procura por esta arte tem vindo a diminuir “Antigamente as pessoas compravam mais, hoje em dia procuram mais louça regional, a louça preta…algo que ainda tem alguma saída são as peças do presépio, para quem gosta das peças mais tradicionais e de um presépio grande na altura do Natal”
Quando questionado sobre o que o faz continuar Paulo aborda o gosto que nutre pelo artesanato, mas sem esquecer o seio familiar e todo o legado deixado pelos seus antepassados. “O que me mantém nesta profissão é sem dúvida gostar muito daquilo que faço, já nasci nisto, já estou habituado, é de família. Gosto do contacto com o público, do convívio e da amizade”. Confirma ainda que o negócio terá continuidade pelos membros mais novos da família.
Paulo conta-nos entre risos que a mãe é que tinha jeito par as entrevistas, “eu fugia sempre, ela gostava muito disto”, uma herança de amor, é talvez o que o inspira a continuar a honrar a tradição e a eternizar o artesanato.