Memórias das Lutas

Memórias das Lutas
Fotografia: Tiago Canoso

Em Bragança, o Castelo guarda em si um Museu Militar com recordações de várias batalhas travadas pelos portugueses.

Impossível montar um roteiro de turismo militar e deixar Bragança de lado. A capital distrital tem pontos de interesse incontornáveis para os maiores fanáticos de História – e vá, até para os que simplesmente só querem passear. Mal se chega à cidade, o Castelo aguarda bem lá no cimo, no centro histórico. Atrás dele, vislumbram-se as Serras de Montesinho, Sanabria, Rebordões e de Nogueira. Na cidadela subsiste o Pelourinho, a Igreja de Santa Maria, a “Domus Municipalis”, e a Torre de Menagem – na qual está instalado o Museu Militar, cujo acervo resulta da recolha dos habitantes de Bragança que participaram na 1ª Guerra Mundial e na Guerra do Ultramar.

Nem sempre o Museu esteve aqui instalado. Na verdade, a sua fundação data a 1929, quando o Regimento de Infantaria 10, e, posteriormente, o Batalhão de Caçadores 3, estava aquartelado no Castelo. Quando foi necessário reabilitar o Castelo e deu-se a extinção do batalhão, o Museu partiu – mas voltou em 1983, exibindo uma colecção que vai desde o século XII até à 1ª Guerra Mundial.

A lenda da Torre da Princesa

No Castelo existem duas portas com nomes singulares que carregam consigo toda uma lenda. Conta-se que em tempos idos, no Castelo habitavam uma bela princesa órfã e o seu tio. A certa altura, ela apaixonou-se por um jovem nobre que retribuía o seu amor – mas que não possuía a fortuna suficiente para se casar com ela. Posto isto, ambos prometeram unir-se quando o nobre conseguisse angariar os bens necessários para o casamento.

A princesa comprometeu-se a esperar e rejeitou todos os seus pretendentes ao longo de dez anos. O tio quis obrigá-la a casar com um cavaleiro da sua confiança, mas a princesa preteriu mais uma vez, afirmando que iria continuar a esperar pelo seu amado. Enraivecido, o tio resolveu mascarar-se de fantasma nessa noite, entrando por uma das portas dos aposentos da princesa. Disse-lhe, em tom de ameaça, que ela estaria condenada para sempre se não se casasse com o cavaleiro. Mas precisamente nesse momento, um raio de sol invadiu o quarto pela outra porta, desmascarando o tio. A princesa pôde então cumprir a sua promessa, e recolheu-se numa torre até hoje chamada de Torre da Princesa. As duas portas ficaram a ser conhecidas pela Porta da Traição e a Porta do Sol.

Texto original de Mariana Rodrigues.