O futuro está a acontecer em Santa Marta de Penaguião
O conde de Guillon era um cavaleiro francês que certo dia mandou queimar a capela de Santa Marta. Consumado o acto infame, a santa castigou-o, obrigando-o a plantar uma vinha e cuidar dela. Humilhado, o conde não queria ver a aparição: curvou-se e tapou os olhos com as mãos, mas ao descobri-los tinha a seus pés um corvo, ave de mau agoiro, por isso decidiu cumprir a penitência. Quando chegou a altura da vindima, ficou muito contente com o resultado, pois nunca tinha produzido nada na vida. Foi então que decidiu oferecer as uvas à santa, e em vez de um corvo apareceram-lhe pombas brancas e um cordeiro, símbolos da pureza e reconciliação. Desde esse momento a localidade passou a ser chamada de Santa Marta de Pena (castigo) de Guillon, o que, segundo a tradição, deu origem a “Santa Marta de Penaguião”.
A lenda quase sempre tem um fundo de verdade, e esta não foge à regra. Não se sabe se o dito cavaleiro alguma vez invadiu Santa Marta de Penaguião, mas é conhecido o potencial desta terra para produzir vinho, bom vinho por sinal. Entre curvas e contracurvas, reparamos nas belas colinas e encostas que ladeiam a nobre vila e de onde sai o famoso néctar do Douro, que podemos degustar e conhecer melhor no Museu das Caves Santa Marta.
As vinhas são apenas uma parte do vasto património natural que o município quer promover com um projecto que aposta em trilhos pedestres e Caminho Português Interior de Santiago em Santa Marta de Penaguião. A ideia é apostar no turismo de natureza, desafiando os visitantes a descobrirem não apenas os vinhedos mas também os olivais de bordadura, os soutos, os bosques mediterrâneos espontâneos, as mais de 50 capelas, igrejas e santuários, sem esquecer os incontornáveis miradouros e a inconfundível Serra do Marão. A promoção deste vasto património natural e histórico vai beneficiar a restauração e o comércio locais, bem como os alojamentos turísticos e as quintas produtoras de vinhos, acredita a autarquia, mas sempre numa perspectiva de sustentabilidade, “podendo ter como consequências a criação de novos agentes e operadores económicos locais, o favorecimento da empregabilidade e a fixação de gentes em territórios rurais do concelho”.