No domínio dos Távoras
Mogadouro deve muito do seu património às gerações da família Távora. Condenados à morte pelo Marquês de Pombal, os Távoras foram as figuras maiores do concelho por vários séculos.
20 de Novembro de 1433 foi um desses dias que determinam o curso da História. Para Mogadouro, foi a data em que o seu estatuto mudou, e muito. A vila foi doada a Álvaro Pires de Távora, um nome que poderia passar despercebido se não fosse pelo apelido sonante. Os Távoras, cujas raízes já estavam há muito ligadas à região transmontana, conheceram a partir daí uma ascensão notável – até atingirem o título de Marqueses. Se fizermos uma lista de todo o património que os Távoras edificaram ou reabilitaram, ela prima por ser longa e imponente: o convento de São Francisco, a ponte de Remondes, o pontão entre Zava e Mogadouro, a ponte entre Meirinhos e Valverde e o Monóptero de São Gonçalo. De acordo com o investigador Antero Neto, estes são alguns dos monumentos que estiveram sob a alçada dos Távoras. Apesar de terem sido despojados dos seus bens e títulos em 1759, por ordem do Marquês de Pombal, ainda hoje perduram vestígios dos Távoras: a extinta Quinta de Nogueira, que não parece mais do que um terreno perdido no campo, conserva a sua entrada e o monóptero.
O Castelo Palácio dos Távoras
É a Duarte d’Armas que se deve a descrição do Castelo medieval de Mogadouro como residência apalaçada dos Távoras. Para além de escudeiro, Duarte d’Armas foi também escrivão e, sob as ordens de D.Manuel I, foi ele que organizou o já referido Livro das Fortalezas. Duarte d’Armas soube desenhar e descrever o castelo tal como ele era na primeira metade do século XV durante o governo dos Távoras, afirmando que se parecia como um palácio. O Castelo de Mogadouro possuía então três torres e dois pisos para o castelo, com três corpos principais, e sabe-se que as antigas dependências trecentistas foram transformadas em estrebarias. Se não fosse por Duarte d’Armas, nada se saberia sobre a antiga residência dos Távoras, já que no século XVIII o Castelo foi destruído. Nos dias que correm, só se vislumbra a torre de menagem e parte das antigas muralhas. Mas a aura dos Távoras ainda se sente por lá…
Texto original de Mariana Rodrigues.