Um, dois, três castelos, sem contar os que desapareceram

Um, dois, três castelos, sem contar os que desapareceram
Fotografia: Município de Idanha-a-Nova

Idanha-a-Nova, Cidade da Música, é uma terra de lendas e tradições.

O castelo de Penha Garcia fica lá no alto, no cimo de uma escadaria que demora a subir. Vale a pena o esforço: a vista é sublime para o vale do rio Ponsul, onde ainda encontramos os velhinhos moinhos de rodízio, que outrora produziam farinha de trigo e centeio. A fortaleza terá sido levantada por ordem de D. Sancho I para defender a Beira dos inimigos seculares – o leonês que estava para lá do Erges e o mouro para lá do Tejo. 

Descemos mais um pouco até ao castelo de Segura. A primeira referência conhecida ao edifício data de 1299, quando D. Dinis isentou os moradores da localidade de impostos, com a condição de estes construírem   uma fortaleza. O edifício que hoje vemos não é o mesmo, mas sim o resultado de profundas mudanças ao longo de séculos. Segura foi importante na defesa da raia durante as Guerras da Restauração, tendo sido nessa época integralmente cercada por uma muralha, protegida por guaritas. Das obras feitas no castelo, subsistem os três baluartes associados à velha barbacã. No século XX construiu-se a Torre do Relógio, actual marco da história militar de Segura.

Salvaterra do Extremo. O castelo será de finais do século XIII, quando esta localidade passou a ter um papel importante na defesa das novas fronteiras negociadas entre Portugal e Castela. Tem um raro traçado circular, bem defendido por torres e munido de forte torre de menagem. Com o passar dos anos a vila cresceu para fora dos muros, mas no século XVII construiu-se uma moderna e extensa fortificação abaluartada que abrangeu integralmente a povoação. Hoje, restam apenas alguns troços da muralha.

O castelo do Rosmaninhal, esse, já não existe. Esta localidade até teve uma grande importância estratégica, sendo sede de concelho até ao século XIX, mas o tempo não perdoou a fortaleza. Resiste o pelourinho, um dos mais bonitos da Beira Baixa. A sede actual, deixámo-la para o fim, até porque não está junto à fronteira. Em Idanha-a-Nova subsistem as muralhas da Idade Média, do topo das quais a vista é irrepreensível. Numa terra cheia identidade, mantém-se o fabrico do adufe, um instrumento musical feito de pele de ovelha, com armação em madeira. A sonoridade é muito própria e tem o seu ponto alto na romaria da Senhora do Almortão, que atrai milhares de visitantes à vila na terceira semana depois da Páscoa. O seu santuário é muito antigo, sendo mencionado já em 1229, no reinado de D. Sancho II.

A Unesco reconheceu a tradição do adufe e o esforço em preservá-la, atribuindo a Idanha-a-Nova o título de Cidade da Música em 2015. No concelho encontramos também duas Aldeias Históricas de Portugal, Monsanto e Idanha-a-Velha, conhecidas pelas suas lendas e mistérios e intimamente ligadas à fundação do país. A primeira foi eleita, em 1938, a aldeia mais portuguesa de Portugal, num concurso promovido pelo Estado Novo, por ser a mais típica e característica, que sabe defender as suas tradições e identidade.