O Sol, amigo ou inimigo da sua pele?
A exposição ao Sol, para além de agradável, pode trazer muitos benefícios para a saúde. O Sol é importante para a produção de serotonina, participante em processos que percecionamos como sensação de bem-estar e prazer. Deste modo, o Sol contribui para o bom humor, anima-nos e afasta a tristeza. A exposição ao Sol também aumenta os níveis da vitamina D, que é importante para a fixação do cálcio e para o normal desenvolvimento e funcionamento dos ossos. Apenas quinze minutos diários de luz solar são suficientes para alcançar estes benefícios. Claro que quando nos expomos ao Sol também podemos ficar com um bonito bronzeado, porém a exposição solar também acarreta riscos. E quais são esses riscos?
A exposição exagerada e irresponsável ao Sol acarreta muitos perigos para a saúde e pode mesmo colocar a vida em risco!
A exposição solar intensa, o chamado “golpe de calor”, pode conduzir a uma grande perda de líquidos que levam à desidratação que pode ser suficientemente severa para induzir coma e morte. Para evitar esta situação devem beber-se bastantes líquidos não açucarados (água, chá frio, sumos de fruta natural) e comer alimentos ricos em água, como as frutas e legumes.
Quando apanhamos Sol estamos sujeitos aos efeitos das radiações ultravioleta A (UVA) e B (UVB). As radiações UVA penetram profundamente na pele, alteram a sua firmeza e elasticidade e, desse modo, contribuem para a flacidez, para o aparecimento de rugas, isto é, para o “envelhecimento prematuro da pele”, além de acentuarem rugas já existentes. Os raios UVB penetram na pele superficialmente e provocam as queimaduras Solares, ou seja, deixam a pele vermelha, dorida e inchada após exposição solar desprotegida e excessiva.
É importante esclarecer que o bronzeado, que embora possa ser esteticamente e visualmente agradável, resulta de uma agressão às células da pele, os melanócitos! Ao serem sujeitos aos raios Solares os melanócitos têm de produzir melanina para nos proteger do efeito nocivo dos mesmos e assim bronzeamos.
Em conjunto as radiações UVA e UVB modificam geneticamente as células da pele e provocam cancro de pele, um tipo de cancro que pode ser bastante perigoso.
O efeito do Sol na pele depende do tempo de exposição solar, da intensidade da luz solar, do fototipo – tipo de pele de cada pessoa e dos cuidados que se teve enquanto se esteve exposto ao Sol.
Diferentes tipos de pele exigem diferentes cuidados
Cada pessoa tem o seu fototipo, ou seja a sua cor de pele e a sua forma de reagir às radiações Solares. O fototipo é determinado pelos genes de cada um e a coloração da pele depende da produção da melanina, uma substância que protege dos raios Solares e que é produzida por algumas das células da pele, os melanócitos.
Para determinar o fototipo de uma pessoa temos de atender a várias características: tonalidade da pele, cor do cabelo, presença ou ausência de sardas, facilidade ou dificuldade em sofrer queimaduras Solares e facilidade ou dificuldade em se bronzear.
Há grupos de maior risco durante a exposição solar, nomeadamente as pessoas de pele, cabelo e olhos claros, isto é os fototipos I e II. Porém, ter outras doenças de pele, ter tido cancro de pele, ter sofrido muitas queimaduras solares (os “escaldões”), ter familiares que tenham tido cancro de pele e ter cicatrizes recen- tes são fatores que podem predispôr ao aparecimento de doenças de pele, como o cancro da pele.
Uma vez que a radiação solar ultravioleta é cada vez mais perigosa, é recomendado que todos os fototipos tenham cuidados com a exposição ao sol e que fiquem alerta para alterações da pele.
Sinais de alarme para cancro da pele
Como já mencionado existem grupos de risco para o desenvolvimento de neoplasias cutâneas porém, todos devem estar atentos a sinais de alarme. Realizar o teste ABCD é uma boa maneira de avaliar os seus sinais.
Portanto, sinais com alterações bruscas da cor, da forma, do tamanho, sinais que sangram, sinais em que sinta comichão ou dor devem ser rapidamente avaliados por um médico.
Cancro de pele – prevenir em vez de remediar
Como noutros tipos de cancro, o cancro da pele resulta da multiplicação descontrolada e anómala de células que levam ao crescimento de uma massa designada neoplasia maligna ou tumor maligno.
O cancro de pele pode dividir-se em dois tipos: cancro de pele tipo não-melanoma e cancro da pele tipo melanoma.
Os dois tipos de cancro de pele não-melanoma mais comuns são o carcinoma basocelular ou basalio- ma e o carcinoma espinocelular, também designado pavimentoso ou epidermóide. Estas neoplasias surgem mais comumente em áreas onde ocorreu exposição solar continuada e desprotegida, como a cabeça, a face, o pescoço, as mão e os antebraços. Embora com pouca frequência, estas lesões podem aparecer também noutras áreas do corpo.
O melanoma maligno é o tipo de cancro de pele mais grave e o número de novos casos por ano tem vindo a aumentar, sobretudo nos países industrializados devido à incorreta e excessiva exposição ao sol.
O melanoma maligno surge quando os já mencionados melanócitos, as células que dão cor à pele, se tornam malignas. O melanoma pode surgir num sinal que a pessoa já tinha há vários anos, mas cujas características se alteraram ou pode surgir um novo sinal que já é um melanoma. O melanoma maligno afeta pessoas de todas as idades, mas o avançar da idade aumenta a probabilidade de desenvolver um melanoma. Esta neoplasia maligna é rara na raça negra, mas pode manifestar-se nas plantas dos pés, nas palmas das mãos e por baixo das unhas.
Tanto o melanoma como o carcinoma espinocelular e o basalioma, embora neste com menos frequência, pode haver metastização, ou seja, espalhar-se pelo organismo trazendo assim graves consequências para a saúde do indivíduo.
Cuidados a ter na exposição ao sol
Como o sol traz muitos benefícios e ainda mais riscos, nunca é demais relembrar os cuidados a ter na exposição ao sol para evitar o envelhecimento precoce da pele, para prevenir os dolorosos “escal- dões” e, acima de tudo, para prevenir doenças muito graves, como o cancro de pele.
Proteja-se do Sol e seja amigo da sua pele:
- evite o sol entre as 10 e as 16 horas, pois nesta altura do dia é máxima a radiação solar que atinge a superfície do planeta;
- beba bastantes líquidos não açucarados (água, chá frio, sumos de fruta natural);
- coma frutas frescas e legumes;
- use roupas frescas, claras, preferencialmente de algodão;
- use chapéu, se possível de abas largas;
- use óculos de sol com proteção para raios UVA e UVB;
- proteja-se do sol direto, prefira a sombra. O chapéu de sol não protege dos raios solares refleti- dos pelo chão;
- verifique se os chapéus de sol e as barracas de praia são feitas de algodão ou lona, que absor- vem 50% da radiação As barracas de nylon permitem a passagem de 95% dos raios UV;
- use protetor solar adequado ao tipo de pele e com proteção para radiação UVA e UVB;
- coloque protetor solar 20 minutos antes da ex- posição ao sol e em todo o corpo (não esquecer plantas dos pés, orelhas e parte de trás do pescoço);
- reaplique protetor solar de 2 em 2 horas e sempre após os banhos;
- tenha especial cuidado com as crianças: evitar sol direto na pele, aplicar protetor solar (FPS 50+) 20 minutos antes da exposição ao sol, usar chapéu, óculos, t-shirt de manga comprida e oferecer água.
Texto original por Elisabete Borges e Maria João Pinheiro.