Prémio Pessoa

Prémio Pessoa
Fotografia: Tiago Canoso

Que Fernando Pessoa foi um génio ninguém duvida. Que outros génios temos hoje em dia na literatura, na arte e na ciência portuguesas? O Prémio Pessoa surgiu para procurar essa figura a cada ano. O último, Frederico Lourenço, traduziu a Bíblia a partir de fontes gregas. É um homem de trabalho cheio de interesses e realizações que vão da poesia ao romance, da música à história da dança, do teatro aos estudos bizantinos.

O galardão não é apenas literário, tal como Pessoa não foi só um escritor e poeta, mas um homem das artes e até da ciência. Ainda assim, a genialidade não lhe valeu qualquer prémio enquanto foi vivo, e essa é também uma das bases desta distinção, que procura “ir contra a corrente de uma velha tradição nacional, segundo a qual o reconhecimento da importância da obra de algumas pessoas só foi verdadeiramente feito postumamente”, explica a organização.

Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,

Não há nada mais simples

Tem só duas datas - a da minha nascença e a da minha morte.

Entre uma e outra todos os dias são meus.

 

Pessoa é um talento impossível de medir, não cabe na escala humana que avalia as capacidades dos artistas.

A obra que criou está entre as maiores do mundo, e o mundo, com o tempo, reconheceu-lhe isso mesmo. “Tanto génio poético, tanto pensamento, tanta capacidade de exprimir limpidamente as camadas mais profundas e obscuras do sentir”, disse sobre ele o filósofo José Gil.

Aquele homem franzino, de rosto comprido e seco, bigode à americana, era misterioso e introvertido. Detestava que lhe tirassem fotografias, não gostava de falar ao telefone e tinha muito medo da trovoada. Morreu relativamente novo, com 47 anos, culpa dos 80 cigarros que fumava por dia.

As personalidades distinguidas ao longo destes 30 anos de Prémio Pessoa são, só por si, um sinal da grandeza do poeta e do seu nome. O vencedor número 31 do Prémio Pessoa vai ser conhecido em Dezembro, juntando-se a figuras como o historiador José Mattoso, o poeta Herberto Hélder, o físico Henrique Leitão ou o neurocirurgião João Lobo Antunes.

O objectivo é o mesmo de sempre: “contribuir anualmente para o alargamento e o aprofundamento da obra de tantas pessoas portuguesas, umas mais conhecidas outras menos, que necessitam e merecem ser encorajadas para fazer mais e melhor”.