Terra Incógnita: um projecto musical para descobrir a ilha de São Miguel
Caminhadas performativas, residências de criação, conversas, visitas a escolas e instalações digitais são os cinco eixos da Terra Incógnita, a proposta que, ao longo dos próximos dois anos, vai lançar novas leituras sobre o território da ilha de São Miguel. Apresentado hoje, o projecto contará com quatro períodos de apresentação e será acompanhado por uma série documental, com realização de Diogo Lima, que vai registar a forma como os intervenientes olham, imaginam e interagem com o património natural da ilha. Sob o lema Além da Paisagem, a Terra Incógnita quer “usar” a ilha para lembrar a importância da sua preservação.
Os Açores sentam-se no centro do Oceano Atlântico, atrás das lendas das Sete Cidades e das descobertas por entre brumas e águas adversas. São a estação que liga a Europa aos Estados Unidos, terra de pesca, agricultura e turismo, placa tectónica viva, lugar-laboratório da interferência do homem na ideia de paisagem, antropoceno de mutações e narrativas de força entre as suas gentes e a natureza. A Terra Incógnita toma a ideia de viagem e expedição para propor um projecto artístico transdisciplinar que se funde com a ilha de São Miguel e as suas comunidades. Tudo começa por um desafio lançado a artistas de diversas linguagens para pensarem musical e performaticamente um território específico. Na base, uma proposta de trilho que será activada com criações musicais site-specific, instalações multimédia e actos performativos. No final, um ciclo de conversas e outras acções de discussão que pretendem dar enquadramento ao intercâmbio proposto pelas residências artísticas.
Pensado como um espaço fundamental para o conhecimento e para a criação de novas ideias de exploração do espaço territorial da Ilha de São Miguel, a Terra Incógnita integrará ainda o lançamento de uma aplicação mobile que vai compilar as criações e trajectos desvendados ao longo do tempo. Um arquivo vivo, habitado pelas interacções dos utilizadores, que aproxima o humano do natural, comprometendo-o a novos paradigmas de preservação e melhoramento do território não habitado.
O primeiro momento acontece entre os dias 17 e 24 de novembro e envolverá: Gianna de Toni, Golden Oriole, a Charanga do Corpo de Bombeiros Voluntários de Ponta Delgada, Henrique Apolinário, Inês Malheiro, João Pais Filipe, Paal Nilssen-Love e Vitória Morto, nos projectos de criação musical; o artista visual Serafim Mendes, na criação das esculturas digitais que serão despoletadas pelas caminhadas; e Maria da Luz (docente da Universidade dos Açores), Gina Macedo (assessora de comunicação na Azores 2027), Helena Barros (RTP Açores) e Diogo Caetano (Amigos dos Açores) nas Incógnita Talks.
O primeiro momento servirá ainda para o lançamento da primeira open-call para apresentação de propostas de residência, uma ação desenvolvida em parceria com a NOPA, a Associação Norueguesa de Liricistas e Compositores, parceira de programação da Terra Incógnita.