Toquei no Sol, o disco a solo de Marlene Ribeiro

Toquei no Sol, o disco a solo de Marlene Ribeiro
Fotografia: Renato Cruz Santos

Foi lançado no dia 10 nas plataformas digitais e em vinil o novo e hipnótico disco a solo de Marlene Ribeiro. Resultante de uma parceria entre a Lovers & Lollypops e a Rocket Recordings, Toquei no Sol foi gravado entre a Irlanda e Portugal, percorrendo um conjunto de lugares ligados às memórias afectivas e à história pessoal da autora.

Um diário de viagem que une espaço físico e interior, uma série de estados de transe representados em cores vivas, um portal delirante para o éter. O primeiro álbum de Marlene Ribeiro em nome próprio é tudo isto e muito mais. Toquei No Sol é um novo capítulo para esta artista única, de longe o passeio mais melódico e transcendente até agora para seu hipnótico pop dos sonhos.

Este é apenas o último lançamento de uma longa história de experimentação sonora que inclui o seu trabalho anterior como Negra Branca e uma série de lançamentos em editoras como a Tesla Tapes e a Zamzam, assim como o caminho como membro dos iconoclastas do áudio GNOD e as colaborações com Valentina Magaletti ou Thurston Moore.

Toquei No Sol é também um disco com um sentido de lugar muito distinto, apesar de ter sido tecido a partir de gravações feitas na Irlanda, País de Gales, Portugal, Madeira e Salford. A sua génese surgiu através de uma visita à avó materna de Marlene, Emília, cuja influência e sons da sua cozinha em Portugal pode ser ouvida na primeira faixa do álbum Quatro Palavras.

Noutros lugares, uma graça cativante e irresistível é casada com uma abordagem utilitária ao som e à textura. O ritualístico Sangue De Lua de Lobo contém objectos aleatórios do então jardim de Marlene na Irlanda, enquanto, no beatífico Forever, as faixas de percussão são construídas a partir do sons de panelas e frigideiras da sua própria cozinha em Salford.

Em todos os momentos, a sua abordagem ágil à melodia ecoa, mesmo nas faixas que evocam visões de névoas de calor, espaços meditativos e epifanias nocturnas. Ainda que nele possamos ouvir ecos de Panda Bear ou Pocahaunted, nestas paisagens sonoras sedutoras a estética é filha de uma mãe só, a Marlene.