Um castelo cristão…feito por um muçulmano
Descemos até ao Alandroal e logo nos deparamos com o seu notável castelo, ladeado por imponentes muralhas. É uma típica fortificação gótica, com torre de menagem adossada à cerca e porta principal, que está protegida por duas torres quadrangulares, ligeiramente avançadas para permitir um maior raio de tiro vertical sobre a entrada. O edifício foi construído em apenas quatro anos, entre 1294 e 1298, como provam as duas inscrições que comemoram o arranque e a conclusão das obras.
Estamos diante de um belo exemplo do grande investimento que a Ordem de Avis fez, por estes anos, em castelos no Alentejo. Uma terceira inscrição tem o nome do responsável pela obra, “Eu, Mouro Galvo”, um muçulmano…Tal facto poderá surpreender, mas estávamos num tempo em que os inimigos principais já não eram os mouros. Uma das marcas da influência árabe no castelo é a janela de arco em ferradura, localizada numa das torres, de gosto mudéjar.
Em 1384, durante a crise de sucessão, os partidários de Castela tentaram conquistar Alandroal, mas Pero Rodrigues, alcaide da terra, resistiu e saiu vitorioso. A povoação voltou a ter um papel militar durante as Guerras da Restauração, quando a fronteira foi reforçada com tropas e cavalaria – dessa época, é referida a importância das águas do Alandroal, tão necessárias nos Verões rigorosos.
No mesmo período, e para reforçar a defesa nesta região, foi construída a fortaleza abaluartada de Juromenha, povoação conhecida por “sentinela do Guadiana”. A nova estrutura era adaptada à nova artilharia, tendo duas cinturas de muralha. Ainda decorriam as obras quando, em 1659, explodiu o paiol de pólvora, danificando boa parte das estruturas. Várias pessoas morreram, a maioria estudantes universitários de Évora que estavam a substituir o exército envolvido na Batalha das Linhas de Elvas.
Passaram-se os séculos, foram-se as lutas e os inimigos, alterou-se a fronteira do Alandroal com Espanha, com a construção da barragem do Alqueva. O Grande Lago, como lhe chamam, é o maior reservatório artificial de água da Europa Ocidental. Do lado aposto fica a Serra d’Ossa, o pulmão desta zona do Alentejo, onde existem grutas artificiais do tempo dos monges eremitas. Entre uma e outra crescem os loendros, planta que deu nome à vila e cuja madeira ainda é usada no artesanato local.