A Estrela Forte

A Estrela Forte
Fotografia: C.M Valença

Impossível falar em turismo militar e não começar por uma dos fortalezas mais renomadas do país. É em Valença que começa esta viagem à descoberta da História.

 

Vista de longe, bem do alto, parece um conjunto de estrelas. A Fortaleza de Valença marca o ponto de arranque da viagem. Não é por acaso que este monumento tem uma configuração única; trata-se de uma construção militar abaluartada, pensada para defender Valença dos ataques desde tempos imemoriais. Tal tem sido a história da actual cidade: sucessivos invasores tentaram-na tomar, não fosse ela um ponto central da pátria. Foi aqui que nasceu São Teotónio, o primeiro santo português a ser canonizado. Nascido em 1082, o padroeiro da cidade foi um importante aliado e conselheiro de D. Afonso Henriques. Mas nem a protecção santa impediu Valença de ser constantemente assaltada – situação essa, aliás, comum às zonas raianas. De tal maneira que, ao longo da existência da região foram vários os privilégios concedidos aos seus habitantes de maneira a cativá-los e fixá-los. D. Afonso II concedeu o foral à então Contrasta, em Agosto de 1217, dotando-a de prerrogativas como a dependência exclusiva do rei, a isenção de pagamento de portagem em todo o reino, algumas vantagens judiciais, protecção do domicílio, entre outros. Passado quase meio século, o nome Contrasta foi simbolicamente mudado para Valença, numa decisão de D. Afonso III que procurava reavivar o dinamismo da zona. Para além da mudança de nome, o monarca ordenou ainda uma profunda reforma do sistema militar da vila, passando as muralhas a abarcar toda a povoação. Ainda hoje é possível detectar algumas dessas transformações nos vestígios da fortaleza medieval. Se resultou? No século XVIII, Valença era já uma das mais importantes praças fortes da linha fronteiriça de Portugal.

Voltando à Fortaleza: é ela o orgulho maior da cidade. Por isso é que, em 2011, a Câmara Municipal de Valença quis propor o monumento a Património da Humanidade; e em 2016, juntamente com os municípios de Almeida, Marvão e Elvas criou-se a ficha da inscrição das “Fortalezas Abaluartadas da Raia” a Património Mundial da Unesco. Para já, está classificada como Monumento Nacional, e não é por falta de títulos pomposos que a Fortaleza deixa de receber milhões de turistas todos os anos… 

Texto original de Mariana Rodrigues.