Património de Silves em evidência no futuro Museu Virtual do Algarve

Património de Silves em evidência no futuro Museu Virtual do Algarve
Fotografia cedida pelo Município de Silves

O Município de Silves vai proceder ao levantamento e inventariação dos materiais arqueológicos resultantes dos trabalhos desenvolvidos, no final do século XIX, por Estácio da Veiga no Castelo de Silves, actualmente à guarda do Museu Nacional de Arqueologia. Após este levantamento, pretende-se proceder à selecção das peças que sejam mais relevantes, para futura integração da oferta digital do Museu Arqueológico Virtual do Algarve, da Rede de Museus do Algarve, à qual o Museu Municipal de Arqueologia de Silves pertence.

Os primeiros passos para o lançamento do Museu Virtual do Algarve já foram dados ao longo dos últimos três meses e culminaram na parceria estabelecida entre a Rede de Museus do Algarve e o Museu Nacional de Arqueologia, onde se encontram depositados os trabalhos, centrados nos sítios identificados e nos materiais recuperados por Estácio da Veiga no âmbito da sua carta arqueológica para a região algarvia.

Trata-se de um projecto estruturado em fases, sendo a que se segue, tal como anteriormente referido, a de levantamento e inventário das coleções reunidas por Estácio da Veiga. Este trabalho será levado a efeito em parceria pelos técnicos dos municípios algarvios e da Direcção Regional de Cultura do Algarve e suportará uma candidatura a fundos comunitários, aquando da abertura de programas de salvaguarda e valorização do património cultural.

O aproveitamento da informação disponibilizada pelo Museu Virtual dar-se-á em três níveis: científico, sociocultural e turístico, funcionando, num convite à circulação e ao conhecimento do território do Algarve e dos seus museus, sítios e monumentos.

Partindo da máxima “Passado virtualizado em Futuro”, o Museu alojado na Web terá por missão divulgar os “característicos” do passado e da identidade do Algarve que se encontram depositados nesses museus, sistematizando toda a informação associada, consubstanciada na construção de discursos explicativos sobre a evolução dos povos que habitaram o extremo sul do país, dos seus modelos de organização social e atividades económicas praticadas.

Estácio da Veiga ficará para sempre ligado ao pioneirismo da investigação arqueológica no concelho de Silves e à identificação de uma enorme quantidade de sítios arqueológicos, que permitiram, desde cedo, ter uma visão alargada do que teria sido a ocupação humana desta região ao longo dos tempos. O trabalho deste notável arqueólogo passou, não só, pela identificação da ocupação antiga em cerca de 24 sítios do território do concelho de Silves, aquando da produção da Carta Arqueológica do Algarve, mas, também, na realização de trabalhos arqueológicos no Castelo de Silves, onde efetuou o levantamento gráfico de três cisternas (identificadas como do período romano), tentou a entrada na “Cisterna dos Cães”, e perscrutou sedimentos de entulho de onde resultou o achado isolado de diversas peças, entre as quais se destacam dois machados de pedra e muitos outros artefactos líticos (identificados como de feição neolítica), “louças romanas”, percutores de pedra, alcatruzes de barro, candeias e “cerâmicas árabes”, utensílios de pedra e bolas de calcário. O levantamento das suas coleções, a efetuar pelo Município de Silves, permitirá, assim, conferir-lhes novo valor e visibilidade através da sua integração na oferta digital do Museu Arqueológico Virtual do Algarve.