Cidades do Futuro - Parte 2

Cidades do Futuro - Parte 2
Fotografia: Tiago Canoso e João Barbosa

Entrevista ao Presidente da Camâra Municipal de Viseu Dr. Almeida Henriques:

Quando é que esse transporte começará a circular?

Estamos apenas dependentes e um visto do Tribunal de Contas. Espero que ele venha ao longo dos próximos meses, para começarmos logo com o transporte urbano e interurbano, o “on demand”, etc. Já temos cá os autocarros, os mini-bus estão a chegar. O nosso sistema de estacionamento também está incluído aqui, no projecto MUV [o concurso público está a terminar], e inclui não só informação sobre lugares vagos nos parques, mas também sensores na via pública. Por exemplo se quiser ir para uma rua vou ao sistema e vejo de tenho lugar lá. E se não tiver, o sistema vai indicar-me onde está o lugar mais próximo. E vai até ter em conta se é um estacionamento de curta ou média duração e em função disso aconselhar se devo ir para li ou para o parque de estacionamento que fica mais barato. Veja a poupança de tempo para quem utiliza o sistema e também a poupança de CO2, porque 30% do tráfego que se verifica nas cidades deriva da procura de lugar para estacionar.

Que outros projectos estão em cima da mesa?

Nas freguesias de menor densidade populacional, estamos a instalar um serviço de “on demand”. No caso da sustentabilidade ambiental, há um projecto experimental que estamos a desenvolver com uma empresa de cá e que envolve com o fecho da cobertura das redes de saneamento e água, numa perspectiva de preocupação ambiental mas também de serviço às populações, com estações contentorizadas que permitem chegar a populações mais isoladas. Vamos fazer o nosso primeiro projecto experimental na freguesia de São Pedro de France, na povoação de Casal d’Eiro. Vamos instalar a primeira pequena estação de tratamento de águas para cobrir uma povoação com 20 habitações. Era quase impossível cobrir povoações destas, que estão no extremo do sistema, digamos assim, porque criar condutas ligadas ao sistema principal seria um investimento de centenas de milhares de euros, insustentável por isso.

Viseu auto-intitula-se “a melhor cidade para viver”. O que lhe falta para ser a primeira smart city de Portugal?

Temos um conceito que junta tradição e inovação. De um lado a tradição de uma cidade com 2500 anos, do outro a inovação que estamos a procurar introduzir na autarquia e na relação com os cidadãos, mas também nos projectos em curso em diferentes domínios que vão facilitar cada vez mais a vida das pessoas. O nosso MUV, depois de estar todo implementado, transformará Viseu numa cidade muito mais amiga do ambiente, ainda com mais qualidade de vida, porque os cidadãos poderão vir a adoptar hábitos de vida mais saudáveis. E a eficiência energética que temos em curso já permitiu ao município poupar meio milhão de euros em dois anos. O domínio das águas também está a permitir-nos induzir um consumo inteligente junto das populações. Isto, sem esquecer a nossa incubadora de base científica e tecnológica na área das smart cities, que visa ajudar a criar em Viseu uma dinâmica nesta área. No fundo, já está a acontecer, com vinda para cá da IMB, com o seu centro de competências na área das smart cities, da Bizdirect, da Compta, além de outras novidades que teremos nos próximos dias. Estamos a criar aqui um “cacho de empresas” que estão a desenvolver tecnologia na área das smart cities usando Viseu como um laboratório virtual. No fundo, Viseu assume-se aqui umo um living lab, para onde estas empresas trazem os seus projectos, muitos deles inovadores, como estes da mobilidade eléctrica não tripulada ou dos contentores para chegar a localidades remotas. A nossa estratégia é que, através dos vários projectos que temos em curso, Viseu se assuma como uma das primeiras cidades médias inteligentes da Europa.