Setúbal: Da Calçada para o Museu
A calçada portuguesa e o trabalho do calceteiro são homenageados numa intervenção artística que dá cor a uma parte da calçada do Largo dos Defensores da República, junto do Museu do Trabalho Michel Giacometti, em Setúbal.
A intervenção, coordenada pela artista Olinda Lima, autora do projeto inédito “Veja Lá Bem Onde Põe os Pés”, que devolve à calçada setubalense pedras em falta, agora ilustradas com temas alusivos à cidade, resulta da exposição “Da calçada para o museu”, que esteve patente no Museu do Trabalho no final do ano passado.
A mostra reuniu quatro dezenas de fotografias com pormenores da calçada portuguesa em Setúbal e cerca de uma centena de pedras de calçada pintadas por várias pessoas, na sequência de um desafio lançado à população por Olinda Lima no âmbito do projeto “Veja Lá Bem Onde Põe os Pés”.
Em exposição esteve também uma série de instrumentos de trabalho, assim como fotografias e testemunhos de Júlio Rosário, Francisco Pires e António Lopes, os únicos calceteiros no activo em Setúbal, enquanto trabalhadores do município, e dos serventes João Amoroso Ribeiro, Jaime Ferreira e Sandro Gonçalves, e um poema da autoria de Cesário Verde de homenagem à profissão de calceteiro.
É uma parte da primeira estrofe deste poema que se encontra agora pintada na calçada defronte do Museu do Trabalho Michel Giacometti, numa intervenção artística que presta tributo à calçada portuguesa e àqueles que nela trabalham.
As letras, que formam o verso “Faz frio. De cócoras em linha, os calceteiros calçam de lado a lado a longa rua”, foram pintadas em três dezenas de pedras, colocadas depois na calçada por funcionários municipais.