“Criamos amizades e recordações para a vida”

“Criamos amizades e recordações para a vida”
Fotografia: Orquestra Típica de Ourém

A Orquestra Típica de Ourém tem elementos dos 18 aos 76 anos e é conhecida pela notável execução instrumental.

Bandolim, bandola, bandoloncelo, guitarra, flauta, clarinete, acordeão. Todos estes instrumentos se combinam para criar o som da Orquestra Típica de Ourém (OTO), um dos 25 grupos portugueses que vão participar na Europeade, em Viseu, entre 25 e 29 de Julho. Fundada em 1982, é um dos mais experientes representantes nacionais, tendo já participa- do duas vezes no festival.

A OTO é composta por cerca de 50 elementos, metade dos quais instrumentistas, conhecidos pela “notável execução”. Os restantes formam o coro misto, esquematizado a quatro vozes – sopranos, tenores, contraltos e baixos –, que canta alguns temas a solo. Interpretam músicas regionais e mantêm vivas tradições e saberes das gentes da antiga Alta Estremadura.

O mais novo tem 18 anos, o mais velho 76, e há várias gerações de família: avós filhos e netos tocam e cantam juntos. A dirigi-los está o maestro José António Santos, cujo trabalho é reconhecido nos concertos por onde passa. Ao longo dos anos tem pro- curado recolher temas do folclore do concelho de Ourém, compondo no- vos arranjos para orquestra.

Orgulho lá fora

“Quando vamos ao estrangeiro sentimos grande orgulho em levar os nossos trajes, as nossas músicas”, confessa o director da Orquestra Típica de Ourém, Filipe Gaspar, que toca bandolim. Esta é a terceira vez que participam na Europeade, depois de terem estado em Bolzano, na Itália, em 2010, e Namur, Bélgica, em 2016. “São dias de intenso diálogo e muita alegria entre os povos europeus. O percorrer as ruas, avenidas, largos, praças e vermos diferentes coloridos, línguas e dialectos é verdadeiramente mágico e Viseu vai ter esse momen- to único e privilegiado durante quase uma semana. Criamos amizades e recordações para a vida”, avança.

Em Bolzano, o grande momento foi o concerto no famoso Auditório Haydn – até então, nenhum dos membros do grupo havia pisado um palco de tamanho renome e com tais condições artísticas. Dois dias depois, deram um concerto na praça principal da cidade, junto à catedral, e, ao fim da tarde, foram muito aplaudidos no cortejo, com o público italiano a gritar Bravo, Portugallo!

As viagens ao estrangeiro já se tornaram uma rotina desta orquestra, que destaca especialmente as actuaões em Aulnay-sous-Bois e Plessis--Trévise, em França, e Villarreal, em Espanha, aqui para participar no Festival Internacional de Instrumentos de Corda. Em 2005 houve também uma digressão pelos Açores, pelas ilhas das Flores, Terceira e São Miguel.