Baltazar e Blimunda: ilegítimos mas felizes

Baltazar e Blimunda: ilegítimos mas felizes
Fotografia: Tiago Canoso

Baltazar tem a alcunha de Sete-Sóis, porque só consegue ver a luz. Lutou na Guerra da Sucessão Espanhola, onde perdeu a mão esquerda, e por isso foi abandonado pelo exército. Quando chega a Lisboa conhece Blimunda e imediatamente se encanta pelos olhos desta mulher que tem um estranho poder: consegue ver “por dentro” as pessoas e os objectos, daí que a chamem de Sete-Luas.

Os dois encaixam na perfeição. Entregam-se um ao outro e vivem felizes no silêncio. “Não falou Blimunda, não lhe falou Baltasar, apenas se olharam, olharem-se era a casa de ambos”. Blimunda promete nunca ver o interior de Baltazar, evitando descobrir alguma doença mortal, porque amar alguém é aceitá-lo sem reservas. São um casal ilegítimo, por não se terem casado oficialmente, mas têm um amor puro e verdadeiro e assim vivem mais perto de Deus, ao contrário do rei e da rainha, que tanta importância dão à religiosidade. Foi este monarca, D. João V, que mandou construir o Palácio Nacional de Mafra em 1717, devido a uma promessa que fez para garantir a sucessão do trono.

Até então a vila era uma pequena povoação que vivia da agricultura e isolada do mundo. A acção do romance decorre em Mafra, bem como no Rossio e no Paço da Ribeira, em Lisboa, que foi residência oficial dos reis portugueses.