A comida de rua veio para ficar

A comida de rua veio para ficar
Fotografia: Cara de Mim

A street food está na moda. Prova disso são os inúmeros festivais que têm surgido um pouco por todo o país, uns dedicados exclusivamente à promoção da comida de rua, complementados por um programa de animação que pode incluir animação musical, arte de rua ou dança, por exemplo, outros mais abrangetes, mas nos quais este conceito de gastronomia vai ganhando um peso crescente.

O maior festival deste género em Portugal é o Street Food European Festival, nos Jardins do Casino Estoril, que este ano se realizou entre os dias de 28 de Abril e 1 de Maio e deu a conhecer aos apreciadores da “comida de rua” as mais variadas ofertas nacionais e internacionais.

Desde que começou o evento, em 2015, a história repete-se: primeiro os visitantes têm que trocar euros pela moeda oficial do Street Food European Festival, a streets, de 50 cêntimos, 1, 2 e 5 euros. Depois vem a parte mais difícil – escolher entre as dezenas de food trucks de comida e bebida.

As waffles e churros do Cascais Nut Spot, os hambúrgueres e snacks de caranguejo do The Crabbie Shack, as cervejas da Hops, as especialidades mexicanas da Burratcho e a comida de Goa e de Bali do Taste a Story foram apenas algumas das food trucks que participaram na terceira edição do festival europeu.

A oferta gastronómica é complementada por um programa cultural de mais de 40 horas que inclui animação musical e um espaço dedicado às crianças. A Câmara Municipal de Cascais, parceira do evento, diz que o objectivo é “promover a gastronomia portuguesa e trabalhá-la como impulsionadora do turismo em Portugal, particularmente  no  concelho de Cascais”.

Arepas da Venezuela, vegan e cocktails são algumas das propostas do Street Food Festival, um outro evento criado nos últimos anos dedicado a esta temática e que se realiza na Ericeira, concelho de Mafra. O evento tem entrada gratuita e coincide anualmente com a Feira da Bagageira, um mercado de artigos em segunda mão, antiguidades, reciclados e projectos inovadores. Ainda na zona de Lisboa decorre anualmente um outro festival ligado à street food, o Street Fest, no Martim Moniz, que alia a comida à música, especialmente de Dj’s.

Mais para Sul, na cidade da Amadora, os visitantes do Urban Festival Amadora podem encontrar comida de rua, arte urbana, música e dança, entre outros tipos de animação. Aqui a oferta vai do hambúrguer ao cachorro, passando pelo burrito e pela pizza e terminando nas opções mais doces como o crepe, o pastel de nata ou a tripa.

Em Faro, há dois anos que o gim é o ingrediente principal de uma festa muito peculiar, o ORIGIN, que celebra a bebida que se tornou moda nos últimos anos, permitindo ao público “conhecer melhor esta bebida e apreciá-la nas suas mais variadas vertentes”, revela a organização. A esta e outras bebidas junta-se uma cuidada oferta de street food num evento que tem como objectivo “potenciar momentos descontraídos e agradáveis”.

A gastronomia é, há milhares de anos, um elemento imprescindível em feiras, festivais e outros acontecimentos que se realizam ao ar livre. É o caso da Feira de São Mateus, em Viseu, a mais antiga feira franca em actividade da Península Ibérica e que vai decorrer entre 11 de Agosto e 17 de Setembro. No ano em que completa 625 anos o evento vai ter uma rua dedicada a uma das iguarias com maior tradição no certame, a enguia.

A alimentação presente no recinto de um festival é um segmento cada vez mais importante, principalmente nos eventos musicais que privilegiam o campismo. Os próprios organizadores do festival pretendem que o público permaneça mais tempo nos recintos, para que o consumo seja feito no seu interior e assim garantir o retorno desejao do investimento feito na presença das diferentes soluções de restauração.

Nos últimos anos tem-se notado um crescimento gradual do número e variedade de marcas de restauração presentes nos festivais, o que aumenta a concorrência e permite ao público ter uma oferta maior e a preços geralmente mais baixos. A qualidade também tem vindo a aumentar, muito devido ao controlo da ASAE, o que vai contrariando a ideia de que nestes festivais se “come mal”. Este aumento do espaço da zona de restauração, que em muitos casos passou a chamar-se de “food court” (Praça de Alimentação) não é alheio ao aparecimento, nos últimos anos, de um crescente número de food trucks e de negócios de street food, os quais tornaram mais fácil a instalação de uma praça destas em qualquer festival.

Muitos festivais fizeram mesmo desta uma vertente integral da programação, como é o caso do Meo Sudoeste, onde ao lado de grandes marcas como a Telepizza surgem vários projectos de street food, ou do Belém Art Fest, que para além de música, dança, artes performativas e mercados de artesanato e design dedica um espaço importante à comida de rua, sempre com boa adesão por parte do público.