As Capelas dos Ossos e a sua origem
As Capelas dos Ossos fazem parte de um tipo de património macabro, presente sobretudo no sul de Portugal. O exemplo mais conhecido do público é sem dúvida a Capela dos Ossos de Évora, no entanto, existem outras edificações de tipologia semelhante no nosso território.
Acredita-se que a origem destas peculiares capelas esteja relacionada com a enfatização da morte, ocorrida durante o período de influência barroca em Portugal. Entre os séculos XVI e XVIII o fascínio pelo horror e o medo da morte andavam de mãos dadas, numa sociedade que se regia mais pela fé, que propriamente pela razão.
A Reforma Protestante ocorreu no início do século XVI. A Igreja Católica respondeu com a Contra-Reforma e procurou, através do Concilio de Trento, um reafirmar dos dogmas cristãos. Portugal entra assim numa época marcada pelo culto da imagem e do sofrimento, que o Vaticano soube explorar sobretudo através da arte barroca.
As ossadas que durante séculos foram depositadas em ossários nos átrios das igrejas e em seu redor, longe dos olhares do povo, serviam agora para decorar altares. O barroco e a sua sensibilidade orientada pelo exagero, assumiu contornos algo macabros e deu origem ás Capelas dos Ossos.
Em Portugal existem seis Capelas dos Ossos, todas localizadas a sul do Tejo. Évora, Campo Maior e Monforte no Alentejo a par de Faro, Lagos e Alcantrilha no Algarve são os exemplos conhecidos destas singulares construções.