A ajuda dos animais
A utilização de animais para apoiar as práticas agrícolas tem ganho muitos adeptos e é uma prática cada vez mais comum por todo mundo. Em tempos remotos, antes da industrialização e da chegada das modernas máquinas aos campos, eram os animais os principais ajudantes do agricultor. Hoje em dia, os animais estão a regressar às explorações, não para puxar novamente os arados e charruas pela terra, mas sim para participar activamente no controlo de pragas e também fertilização dos campos.
Recentemente, foi noticiado que na Africa do Sul, os produtores de vinho locais estavam a utilizar patos para controlar as pragas de parasitas nas vinhas. Ao invés de utilizarem pesticidas para eliminar pequenos insectos e caracóis que possam afectar as plantas, os agricultores encontram uma solução mais engenhosa, eficaz e amiga do ambiente. Um exército de patos, que carinhosamente apelidam de “soldados das vinhas”, come os parasitas e evita a utilização de produtos químicos, ao mesmo tempo que ajuda à fertilização natural do solo.
Também em Portugal já podemos testemunhar muitas iniciativas do género, com inúmeros produtores a recorreram a estratégias semelhantes. Mais a norte é comum encontrar os animais pelos terrenos. Bovinos, caprinos e até cavalos pastam habitualmente nos terrenos em pousio e garantem a sua limpeza ao mesmo tempo que vão fertilizando as terras. As galinhas e os patos passeiam agora alegremente pelas culturas, devorando os insectos que possam surgir, prevenindo, assim, o surgimento de pragas que podem afectar irremediavelmente as culturas.
Os pardais foram durante muito tempo considerados um problema para os agricultores, hoje em dia já vemos estes animais de uma nova perspectiva. Apesar de efectivamente provocar alguns danos em algumas culturas hortenses e cearas, o pardal destrói uma quantidade impressionante de lagartas, borboletas, besouros e outros insectos, que causariam prejuízos bastante mais consideráveis às culturas. Por ano, estas aves fazem entre três a quatro criações, durante esses períodos, as crias são alimentadas quase exclusivamente por espécies de insectos nocivas à agricultura. Segundo um artigo publicado no Jornal de Cantanhede, um agricultor que monitorizava o impacto dos pardais na eliminação de pragas, verificou que um casal de aves trazia para o ninho alimento, numa frequência de cerca de 20 vezes por hora.
As “cabras sapadoras” para além de serem úteis nas explorações de agricultura sintrópica, um sistema de cultivo agro-florestal, são muito úteis na limpeza dos terrenos florestais e desempenham um papel importantíssimo ao nível da gestão de combustíveis (vegetação seca), sendo estes rebanhos mantidos com o propósito de prevenir incêndios florestais. Em Portugal já existem vários rebanhos, alguns mantidos por poderes locais outros por proprietários particulares, como por exemplo a “Back to Basic”, que disponibiliza serviços de limpeza de terrenos através do pastoreio de caprinos. Na gaveta do governo existe um projecto trans fronteiriço de apoio a esta actividade. Deveria ter ficado pronto em 2016 e previa criar cerca de 700 postos de trabalho, inúmeras infra-estruturas de apoio que garantiriam emprego indirecto, como por exemplo queijarias, mas, segundo José Luís Pascoal, director geral do AECT Duero – Douro, não foi para frente por falta de de financiamento dos governos de Portugal e Espanha e da União Europeia, através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER).
A agricultura não sustentável
Actualmente, grande parte da agricultura em Portugal ainda utiliza pesticidas, que são bastante nocivos, apesar da sua acção nefasta ser facilmente compreendida. Estes produtos dividem-se em várias categorias, em Portugal são actualmente conhecidos como produtos fitofarmacêuticos, o seu objectivo é controlar pragas e doenças que possam destruir ou causar danos às nossas culturas e fazem-no com bastante eficiência, o que leva à sua utilização regular por parte de muitos produtores, no entanto, os efeitos negativos destes produtos são imensos. Dividem-se em: herbicidas, fungicidas, insecticidas, rodenticidas, acaricidas, nematodicidas e moluscicidas, a sua nomenclatura relaciona-se com o agente causal que pretendem combater. Na actualidade, a aprovação e uso de fitofármacos está regulamentada em todos os países da união europeia, não só em Portugal, existindo condições especiais para o uso e aquisição destes produtos. O seu uso indiscriminado, muitas vezes levado a cabo por pessoas com pouco conhecimento tem efeitos adversos, o que continua a ser uma preocupação para o ambiente e também para os consumidores. Actualmente, é obrigatório tirar a formação de aplicação de produtos fitofarmacêuticos e ter um cartão de aplicador para poder adquirir e aplicar os produtos, no entanto, a fiscalização é pouca e existem até produtos que continuam a ser aplicados, mesmo após já terem sido banidos devido aos seus efeitos extremamente nefastos para o ambiente.