Teatro A Barraca estreia peça sobre nazismo

Teatro A Barraca estreia peça sobre nazismo
Foto: DR

Um mês depois da agressão ao actor Adérito Lopes, a companhia de teatro A Barraca leva à cena uma peça sobre o braço direito de Adolf Hitler e os perigosos delírios do nazismo. O Príncipe de Spandau é uma ficção provocatória e absurda sobre a vida de Rudolph Hess (interpretado por Gil Filipe), desde o julgamento de Nuremberga até à sua morte/suicídio na prisão.

Escrito em 1987 por Hélder Mateus da Costa, o texto revelou-se premonitório – antecipando o regresso das tendências racistas, o ódio contra imigrantes e refugiados, despotismos e extremismos políticos.

Na sua cela em Spandau, o número dois do III Reich imagina-se num Quartel-General onde, como representante de Hitler, dirige a política mundial. Isolado na sua loucura, envia telegramas para ditadores, chefes militares e polícias de todo o mundo. Julga-se um príncipe encantado, com visões apocalípticas sobre o regresso do Führer e a sua vitória definitiva.

Este espectáculo estava já em fase de ensaios quando, no dia 10 de Junho, sem que nada o fizesse prever, Adérito Lopes foi atacado à porta do teatro, no Largo de Santos, em Lisboa. O actor ficou ferido e teve de receber tratamento hospitalar.

O agressor, um jovem de 20 anos, integrava num grupo neonazi com ligações internacionais, que nessa altura passava em frente ao teatro depois de se ter reunido num restaurante nas proximidades. Seis dias depois, milhares de pessoas manifestaram-se em várias cidades do País contra os discursos e os crimes de ódio.

No actual contexto mundial, esta peça de Hélder Mateus da Costa ganha especial pertinência e convoca o público para a urgência do debate sobre a expansão dos movimentos de extrema-direita. Será que a Arte que antecipa o Futuro? Ou antes revela o eclodir do Ovo da Serpente?

 

“Só quero que esta História - mesmo em farsa - não se repita.”

Hélder Mateus da costa

 

O Príncipe de Spandau

Texto de Hélder Mateus da Costa, com interpretação de Gil Filipe

De 10 a 27 de Julho, no Teatro Cinearte, Lisboa

Quinta e Sexta às 19.30h; Sábado às 21.00h; Domingo às 17.00h