Desenhar o passado com novas linhas

Desenhar o passado com novas linhas
Fotografia: ADXTur

“Agricultura Lusitana” é o nome de um projecto da Aldeias do Xisto que remodela ferramentas do uso popular com uma faceta nova.

Muitas vezes, os objectos que marcaram o quotidiano não muito distante da vida popular caem em esquecimento. Instrumentos ancestrais cujo uso já não é o mesmo acabam por ser relegados na memória coletiva.

Mas a organização Aldeias do Xisto tem uma proposta diferente: em parceria com 9 escolas superiores de design e 22 ateliers, ressuscitou esses objectos, dando-lhes uma nova personalidade. O resultado? A exposição “Agricultura Lusitana”, que exibe artefactos típicos do Centro de Portugal remodelados.

Sob a coordenação de Rui Simão, o mote da “Agricultura Lusitana” é que a herança agrícola é uma essência do saber fazer, estar e ser. O desafio era, portanto, repensar a identidade dos locais da região Centro. Para isso, os artistas contataram com as populações locais do projeto, e daí tomaram a liberdade de conferir um design novo às ferramentas tradicionais.

Três foi o número de grupos selecionados para dar azo à exposição: os artesãos lado a lado com os designers; os alunos de diferentes escolas com as pessoas das aldeias da Serra da Lousã, Serra do Açor, Zêzere e da região Tejo-Ocreza; e os alunos do 2º ano da Licenciatura em Design do Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro com o FabLab.

 

Designers + Artesãos

Este salto até à actualidade é propositadamente para contrariar o esquecimento a que o interior português é habitualmente sujeito. Assim, Vânia Kosta fez dos campos do rio Zêzere a paisagem para as suas almofadas, cujos detalhes em patchwork se assemelham às terras cultivadas. Feltrosofia é o conjunto de Steffi Köhne, que consiste num chapéu, lenço e um colar de pimentos em feltro; a artista, residente na aldeia de Benfeita, escolheu lã das alpacas da região. Já Idálio Dias criou saboneteiras gigantes inspiradas por uma saboneteira de pedra da aldeia do Barroso (que as antigas lavadeiras usavam para poisar o sabonete junto ao rio). Segundo a organização, este projecto faz parte da esperança de que “as transformações baseadas em princípios éticos e formas de estar mais ecológicas vão mudar a nossa forma de viver, promovendo o bem-estar pessoal, social e político no território deste projeto, Portugal”. Mais do que uma simples exibição de design, “Agricultura Lusitana” ambiciona ser uma reflexão sobre áreas distintas do saber e cruzar o conhecimento popular com a visão moderna.

A exposição abriu em Março e está patente no Museu de Arte Popular até 30 de Dezembro deste ano. Ainda no mesmo âmbito, o Museu acolhe um programa de actividades diverso, que inclui visitas guiadas, workshops, animações e debates. “Agricultura Lusitana” faz parte da programação da Direção-Geral do Património Cultural alusiva à celebração do Ano Europeu do Património Cultural.

 

Cultivar a Cultura

Segundo a organização, este projecto faz parte da esperança de que “as transformações baseadas em princípios éticos e formas de estar mais ecológicas vão mudar a nossa forma de viver, promovendo o bem-estar pessoal, social e político no território deste projecto, Portugal”. Mais do que uma simples exibição de design, “Agricultura Lusitana” ambiciona ser uma reflexão sobre áreas distintas do saber e cruzar o conhecimento popular com a visão moderna. A exposição abriu em Março e está patente no Museu de Arte Popular até 30 de Dezembro deste ano. Ainda no mesmo âmbito, o Museu acolhe um programa de actividades diverso, que inclui visitas guiadas, workshops, animações e debates. “Agricultura Lusitana” faz parte da programação da Direção-Geral do Património Cultural alusiva à celebração do Ano Europeu do Património Cultural.

Texto original de Mariana Rodrigues.